Eu preciso pegar
para gostar.
Tocar. Sentir o
cheiro.
Apertar contra o
peito.
Eu levo o livro
para a cama e quase transo com ele.
Quando acordo e
o vejo deitado ao meu lado, adormecido sobre a mesinha de cabeceira, fico tentada
a sorrir e perguntar se foi bom pra ele também.
Pra mim sempre é
ótimo.
E ele não exige
fidelidade.
Espalhados pela
casa, acolho milhares de outros livros de diversos tamanhos, uns mais sérios,
outros mais divertidos, uns amores para quem eu sempre volto, outros amores de
uma noite só.
Livros
profundos, livros leves, livros retangulares, livros de bolso, alguns apenas
decorativos, outros essenciais.
Todos pulsando.
Têm temperatura,
têm as marcas de idade, têm dedicatórias e anotações nas margens.
São seres vivos.
Leitura é sempre
um prazer.
Mas pelo
computador é um prazer menos envolvente.
Acessou, leu,
gozou e desligou.
Sexo sem amor.
[Martha Medeiros
-Non Stop, Crônicas do Cotidiano]